Há poucos dias, escrevi sobre a eterna dificuldade que há em comparar dores. É sempre muito difícil entender a dor do outro. Uma vez, meu sábio irmão me disse - e eu não acreditei, na época - que não devemos nunca esperar que o outro faça pela gente o que fazemos por ele, seja esse outro quem for. Hoje, começo a entender mais meu irmão.
Não porque eu acho que "devemos fazer o bem sem querer nada é troca" (isso também), mas o baque da vida adulta atual me lembra que o que vê como muito pouco ou insuficiente nas relações pode ser o máximo que alguém tem para nos oferecer.
Porque somos egocêntricos, sempre achamos que o nosso jeito de dar carinho, amor, respeito, confiança, conhecimento, etc, é melhor; e quem faz diferente, pior. Sei que na teoria é bem mais fácil que na prática e há em toda declaração de amor um desejo (in)consciente de que aquilo estivesse sendo dirigido a nós; há, em toda aula dada, um desejo de que o aluno corresponda com a atenção que preparamos; em toda gentileza com o desconhecido, uma vontade imensa de que alguém seja igualmente gentil com a gente da próxima vez.
Mas, no fim, o outro é outro. E ou a gente se acostuma que cada é de um jeito ou caímos no erro - no qual, inclusive, eu esbarro o tempo todo - de preferir a vida solitária, já que os meus modos de trilhá-la eu conheço de cor. O resultado disso? O triste fim do narciso apaixonado pela própria imagem: a morte solitária.
Mandou bem Marcela. Que texto incrivel. Fiquei pensativa. :)
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