Mulheres Maggníficas: Letícia Anguito

Conheci Letícia quando a gente
tinha 7 anos. Na praça. Eu, criança gordinha, perdi várias vezes no
pique-esconde para aquela magrelinha que corria...corria. Anos depois,
estudamos na mesma escola, e, enquanto ela participava do atletismo, eu usava
toda minha força no handball. Desde então, a gente nunca mais se separou. Ela
desenhava, eu escrevia. Sempre assim: nos trabalhos de geografia ela fazia o
mapa; nos de português, eu fazia o conto. Nunca tivemos uma amizade de
cobranças: sempre foi leve. Ela tinha a melhor amiga dela e eu a minha, mas
éramos amigas assim: ‘tô acompanhando sua vida, você a minha’.
Nessa foto, eu e a Lê aos 13/14 anos
E a gente nunca exigiu nada uma
da outra além do sorriso. Nas tardes de verão, íamos nadar e ouvir ‘Gabriel, o
pensador’. Nas noites de setembro, comer massas na festa da praça. E conforme
crescíamos, crescia o talento da Letícia. Desde o colégio, ela sempre soube que
desenhar era a sua. Enquanto a nerd aqui anotava loucamente a matéria, eu
olhava pro lado e estava lá a Letícia, rabiscando com o que tivesse em mãos, a
apostila, a carteira, os braços (os meus braços e pernas). Para ela, tudo é
papel. Para mim, tudo nela é muito bonito.
Aos 16 anos, sofrimento adolescente
Numa viagem à Ubatuba, a Letícia ficou entendiada e pintou a gente.
Eu adorava inventar histórias
malucas, de vampiros, de dilúvios, de momentos pós-apocalípticos, de romances
sanguinolentos. E a Letícia desenhava as minhas histórias. Ela me levou a
sério, sempre. Eu sabia que ela era a pessoa mais talentosa que eu já tinha
conhecido. A vida adulta chegou, e a Letícia não deixou por menos: foi pra
Sampa e fez o sonho dela acontecer. Mulher forte, encarou, saída do interior, a
cidade grande. E fez faculdade. E fez curso. E fez sucesso. Os desenhos no
sulfite foram para os muros, para as roupas. A arte da Letícia saiu de Batatais
e foi conhecer outros olhos, que não os meus.
uma das primeiras caricaturas que a Lê fez de mim,
lá pelos idos de 2004.
Uma vez a Letícia me disse que o
nome dela significava ALEGRIA. Que dúvida? Se um dia eu fizer um livro, queria
que ela o ilustrasse, como fez com a minha infância.
mais de uma década de amizade depois
Letícia Anguito é formada em Design Gráfico pela Belas Artes, em São
Paulo; fez MBA em Gestão de Marcas. Assina seus trabalhos com a marca
Let&Cia. Hoje, é designer de estampas da Carmen Steffens. Seus focos de
interesse são: design, estamparia, pintura de interiores e arte urbana.
Grafite feito para o evento feminista "Ferro na Boneca"
Letícia criando estampas, aqui com canetão e aquarela
Mulheres MaGGníficas é uma coluna dedicada a apresentar mulheres,
anônimas ou não, que representam de maneira exemplar o gênero feminino:
mostrando seu talento, sua força e
inspirando empoderamento em todas nós.
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Somos Marcella Rosa e Marina Sena, parceiras no blog, na luta e na vontade de mudar - nem que seja um pouquinho - o mundo. O Maggníficas é um pouco de nós, porque aqui tem moda democrática, empoderamento feminino e amor próprio. Nosso foco é a sororidade e a vivência plena de todos os corpos, porque acreditamos que somos todas maggníficas e que todo mundo pode tudo!
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