Gosto do que é feito com as mãos

Antes que você julgue o título do meu texto, explico: tenho uma queda pelo artesanal. Muitas podem ser as justificativas, mas acho que a principal delas – e a que explica um atual fetiche pela coisa – é o nosso desejo de ser único. Acontece que algumas pessoas querem ser únicas pagando o que há de mais caro no mundo e entendem por isso algo que ninguém seja capaz de ter. Veja, pode ser que eu esteja errada, mas meu conceito de único não é bem esse. Quando alguém faz um objeto artesanalmente, há uma pessoa que se mobiliza e dispõe de sua energia para fazê-lo. E essa mesma pessoa não será a mesma a fazer o segundo, ainda que ele seja idêntico e feito logo em seguida. E o que tem de mais bonito nisso: nunca ficará idêntico, nem que seja uma diferença invisível aos meus olhos, o meu coração se acalma porque ela não está aí.
Eu e a minha bolsa artesanal (modelo Lolita Doc) num restaurante de queijos e vinhos artesanais no Uruguai: o fetiche do único em escala macro. Contraditório, né?
Uma coisa que acho especialmente curiosa nessa nova onda é o termo artesanal. Alguns artesãos não gostam de ser chamados assim, e preferem a expressão “hand made”. Afora o eterno desejo de parecermos estadunidenses ou cosmopolitas de qualquer natureza, “hand made” parece só um novo nome para o bom e velho “artesanato” (eu sei que parece óbvio, é só traduzir, mas JURO que no mundo da moda isso não é tão óbvio);
Acho que a palavra artesanato agora só é aceita por feirantes hippies que pretendem “vender sua arte na praia”. Ou não.
Essa é a “hand made” Lolita 2012: e ela tem passarinhos :)
Existe uma coisa sobre o artesanato sobre a qual quero falar, também: vejo uma emancipação muito grande de alguns talentos graças a isso. E me alegro ainda mais em pensar que essa emancipação tem empoderado algumas mulheres. Olha só: pensar que uma das grandes vitórias do machismo foi nos ter retirado a possibilidade material e a exteriorização, ensinando que a boa moça fica em casa bordando, ver uma mulher ganhar o mundo costurando bolsas me parece, no mínimo, desafiador (por desafiador eu quero dizer: fodapracaralho).
Eu com cara de moça má e minha clutch envelope de flores
Todas as bolsas desse post são de uma mulher que eu admiro. O nome dela é Paula Ribeiro. Ela não era minha amiga quando comecei a comprar as bolsas dela. A Paula é uma estilista, de uma marca de moda artesanal que confecciona bolsas em seu Ateliê e vende pela internet.
Ah, atenção: não, esse post não é uma publicidade (ainda que eu ache que é esperto adquirir essas bolsas). É que eu queria dizer que: às vezes, a gente não precisa pagar caro para ter algo que seja verdadeiramente lindo, e verdadeiramente nosso.
Para conhecer um pouco mais das maravilhosas peças produzidas pela Paulinha, mais algumas fotos:
Clutch laço de oncinha, morra com meu hardrock, bebê
Eu de pin-up com minha Lolita coração. Sem comentários sobre o jardineiro
Movimentos bizarros em Florianópolis com a minha bolsa Black-tie
Museu Jorge Luis Borges, eu e a Lolita doc amando Buenos Aires
Mais dos meus passarinhos!
Sendo chiquérrima com a clutch luxo
ps: ainda tenho carteiras e estojos, mas vocês cansaram de mim, então, vai visitar a Paula aqui ó: Facebook - Instagram - Tanlup
Marcella Rosa é formada em Letras, mestre em Crítica Literária e, porque não tem juízo, cursa atualmente graduação em filosofia e doutorado em História da Literatura. Gosta de gente, de qualquer forma, por isso, é apaixonada pela sala de aula e por escrever sobre pessoas. Não gosta de biografias em terceira pessoa, mas faz. Gosta de livros, mas não faz. Prefere sempre a troca: de figurinha, de fluidos ou de experiência.
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Somos Marcella Rosa e Marina Sena, parceiras no blog, na luta e na vontade de mudar - nem que seja um pouquinho - o mundo. O Maggníficas é um pouco de nós, porque aqui tem moda democrática, empoderamento feminino e amor próprio. Nosso foco é a sororidade e a vivência plena de todos os corpos, porque acreditamos que somos todas maggníficas e que todo mundo pode tudo!
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